No espírito web 2.0, pegando no post do Darklord, uns comentários:
A minha pergunta foi fraca, pelo menos, a ver pela resposta. A pergunta tentou integrar várias ideias que tinham sido lançadas na reunião técnica da CM.
Não falei de standards porque a pergunta anterior do Paulo Querido já remetia para tal.
Após 10 minutos, tentei "trazer" o entrevistado para o tema com uma segunda pergunta:
1.- Eu acho que a resposta foi uma má resposta. [Leia também o ponto 5]
Não por não ter dito o que eu queria ouvir mas por ter dito aquilo que ninguém queria ouvir.
José Sócrates utilizou a pergunta para falar do e-escolas, do milionésimo computador, da banda larga, RNG, etc... e não para falar dos pontos positivos que ele, como primeiro ministro,encontra em software livre e open standards.
2.- José Sócrates domina mal os dossiers TIC. [Leia também o ponto 5]
Isso é gritante quando comparado com o seu conhecimento de eólicas, ensino profissional e outros temas que o entusiasmam.
Pode-se dizer que ele é candidato a PM e, como tal, não tem de saber as questões técnicas.
Os bons estadistas estudam os dossiers e ele até tem essa fama.
Não tem de saber a diferença entre licença GPL e BSD mas tem de saber o que é creative commons ou que licenças livres permitem a liberdade de modificar, copiar e distribuir.
E como isso pode contribuir para o aumento de competitividade da nossa indústria de tecnologias.
3.- Alguns dos dossiers interessantes para o sector das TIC são:
- Software Livre / Aberto: o que é, boas práticas, referências internacionais, modelo económico, desvantagens
- Open Contents: licenciamente creative commons, crowd sourcing,...
- Interoperabilidade e open standards: como a AP se deve relacionar documentalmente entre ela e com o cidadão.
- Segurança na rede: questões levandas pertinenemente pelo Tito Morais
- Open Data no governo: ver http://www.data.gov/ e post do Celso Martinho
Mas serão estas tendências importantes para o cidadão? Para o país?
Se percebo a visão do PM, existe uma cadeia de acção-reacção muito simples:
mundo em rede -> economia global -> competências cidadão -> desenvolvimento do país
Que competências? Inglês (ensino básico) e à-vontade com as tecnologias (magalhães e e-escolas).
O modelo proprietário alimenta a máquina pesada, industrial e instalada.
O modelo open source é o combustível da mudança.
Se não, veja-se.
A Critical Software (que parece ser a uníca empresa de TIC em portugal tal o numero de citações do PM) e a iPortalmais desenvolvem software e exportam. A sua grande aposta é uma caixa (EdgeBox e Ipbrick) onde os componentes base de software são todos open source.
A Altitude vende software proprietário mas é num IPBX Asterisk que consegue diferenciar-se face aos players multinacionais.
O OLPC foi o pioneiro dos e-escolinhas e o Sugar é open source.
O Magalhães tem dois sistemas operativos (Linux Caixa Mágica e Windows) mas perguntem a uma criança se prefere o Live Skydrive ou o SuperTux? A resposta: Sky quê?
As escolas estão a apostar como nunca em software de LMS (learning management system) como nunca e perguntem-lhes: Moodle ou Sharepointer? Share quê?
É preciso que um candidato a PM perceba que o Software Livre / Aberto não é pertença de ninguém. Não é dinamizado por assinar protocolos com Novell, Caixa Mágica ou Iportalmais. É dinamizado ao criar as condições para que o ecosistema de developers, empresas, associações e - importantissimo - administração pública tirem dele o melhor partido e o utilizem para se impor neste mundo global.
José Sócrates podia estar sozinho mas não está. Ele tem pessoas que o podem apoiar de forma competente. Carlos Zorrinho, Rui Grilo e Jorge Seguro estavam na mesa e complementam-se nas áreas acima. Ele só lhes precisa de fazer as perguntas certas.
4.- O que se passa com o PSD?
O PS tem pedido contributos, dinamizado eventos e promovido a discussão mesmo entre pessoas fora da sua esfera natural de influência.
O PSD já foi assim e lembro-me em concreto do Diogo Vasconcelos dinamizar estes contactos com a sociedade.
Neste momento e com o que tenho falado com algumas pessoas, acredito que até às eleições será o BE e PCP (com o Bruno Dias, claro) que marcarão o ritmo dos dossiers na oposição do que o PSD. E é pena não serem todos.
5.- Apesar do que disse no ponto 1, a minha opinião global de José Sócrates no BlogConf é positiva.
Não sei se se metarfoseou de animal em algo mais calmo.
Sei que aceitou o repto.
Sei que na pergunta sobre autismo respondeu como alguém "de bem" deve responder.
Sei que mostrou paixão pelo que faz e, pelo menos naquele momento, respeito pelas opiniões e irreverência de quem não concorda com as suas ideias.
Sei que durante 3 horas e meia não se esquivou à discussão, quase que diria "tertúlia", com outros compromissos agendados e pareceu de toda a sala o mais interessado e fresco para continuar. Não sei que jogging é que ele faz, "mas para mim, é o mesmo".
Claro, não podemos em 3 horas inferir todo um percurso político. Claro, podemos defender outra via para Portugal e votar noutro partido. Mas não podemos dizer que não esteve à altura.
6.-Webcast
Errar é humano.
A não transmissão do Webcast vale pelo incapacidade de ser frontal quando se deve ser.
Os cidadãos hoje votam pela autenticidade e frontalidade.
É um fait-divers mas também de fait-divers se faz o mundo.
7.- Organização
Em 2000, quando a Caixa Mágica ganhou o prémio Milénio, fomos entrevistados por um jornalista para uma chamada de capa e 2 páginas no caderno principal.
Esse jornalista conhecia a nossa linguagem. Conhecia o assunto. E tentou apanhar diferentes angulos e potencialidades de uma coisa que não existia.
Na altura parecia-me natural que assim fosse. Passados 9 anos o que aconteceu é uma excepção a nível de jornalismo (tecnológico ou não) em Portugal.
Passados uns meses, em conversa com a Mónica Balsemão, ela disse-me quando souberam qual o projecto que tinha ganho tinham decidido escolher, não como era prevísivel um jornalista do 1º caderno, mas o Paulo Querido.
E lembro-me que o Paulo Querido disse que não gostava de fretes (entenda-se entrevistar "putos" e fazer publicidade a uma iniciativa do semanário) mas isto era a oportunidade de trazer o assunto para o 1º caderno. Era oportunidade de chamar a atenção.
A BlogConf foi a oportunidade do Paulo Querido trazer não 1, mas 20 assuntos para a 1ª página. E dos importantes.
Para não metralhar o twitter vou actualizando aqui:
Antes de resumir a intervenção alguns bitaites avulsos :
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E os blogs SAPO paracem não gostar muito do código...