(Actualização: o press-release oficial da CM está aqui.)

 

Em relação às notícias saídas no Expresso e SIC vai ser disponibilizado um press-release pela Caixa Mágica mas aqui fica um comentário pessoal e que não representa a Caixa Mágica Software.

Há imprecisões e omissões graves na notícia do Expresso. Alguns pontos importantes:

 

 

  1. Extensão dos erros: a notícia refere “80 erros clamorosos de ortografia, gramática e sintaxe nas instruções dos jogos incluídos no ambiente de trabalho Linux.”, contudo em toda a notícia apenas é referido o nome de um pacote de software, o GCompris, não havendo qualquer referência a outro software ou documentação. Sabendo que no ambiente de Linux Mag existem 1.236 pacotes de software diferentes e um manual de Caixa Mágica em português de 230 páginas, não houve um cabal esclarecimento do âmbito do problema referido.
  2. Actualizações: em relação ao pacote de software em questão, o Gcompris, foi transmitida à jornalista que contactou a Caixa Mágica, que já tinham sido efectuadas correcções ao mesmo software em 22-10-2008 e em 10-1-2009. Essas actualizações foram resultado do controlo de qualidade interno e a colaboração com professores e educadores. Os jornalistas poderiam ter realizado uma actualização através da Internet e verificado que os problemas estavam mitigados. Todos os portáteis ligados à Internet beneficiam automaticamente das actualizações sem necessidade de qualquer operação especial. Os portáteis Magalhães saídos de fábrica após a disponibilização das actualizações integram as actualizações feitas até à data.
  3. Tradutor com a 4ª classe: o artigo e reportagem da SIC refere o tradutor, José Jorge, como tendo a 4ª classe (“Tradutor tem a 4ª classe”). O tradutor, José Jorge, tem uma licenciatura em Filosofia e uma segunda licenciatura em Informática trabalhando há muitos anos nas Tecnologias de Informação. O Gcompris é uma excelente aplicação e o responsável pela tradução tem o mérito de ser o driver da tradução portuguesa.
  4. Modelo Software Livre / Aberto: no contacto que fizémos com a jornalista tentámos ser pacientes a explicar o modelo open source em que as aplicações: a) não têm um dono mas são desenvolvidas no âmbito de um projecto distribuído pelo globo b) são melhoradas continuamente com base no feedback dos utilizadores e da contribuição de developers espalhados por diferentes países. Neste modelo, existe uma melhoria contínua sendo natural que na imagem original do Magalhães pudessem ocorrer alguns problemas que entretanto foram sendo corrigidos, como o do Gcompris. Oportunidade: o Linux Caixa Mágica no Magalhães tem sido elogiado em blogs, twitter, etc em comparação com o outro sistema operativo presente... pela facilidade de utilização, segurança e diversidade de aplicações. Custa-me perceber como se faz uma notícia em torno de uma única aplicação com erros entretanto actualizados e não em torno do facto do Linux no Magalhães estar a ser preferido em muitas casas, usufruindo de um grande conjunto  de Software Livre / Aberto. Na verdade, parece-me que a culpa não é dos jornalistas que apenas escrevem o que vende jornais: casos muitas vezes sem substância. Sabemos por experiência própria (por exemplo, pelo caso do Ministério da Justiça / Linius exactamente com os mesmos contornos: deputado esbraceja, Expresso publica, polémica acontece) que sempre que um projecto Software Livre / Aberto começa com impacto, surge uma polémica. Parece-me ingénuo achar que não existe casualidade entre estas polémicas e os interesses envolvidos.
  5. Equipa: cerca de 10 pessoas, da Caixa Mágica e de parceiros, têm estado envolvidas desde Setembro no core da preparação do Magalhães em Linux. Essa equipa está a concretizar a visão que o Linux no Magalhães deve ser um sistema em permanente evolução. Evolução que consiste numa dinâmica de facilitar as contribuições (software, documentação e foruns) e facilitar a utilização / instalação dessas contribuições. É essa dinâmica que nos diferencia. Esta equipa tem feito um excelente trabalho e orgulho-me do que eles conseguiram. Eles têm a minha total confiança e sei que conseguirão que o Linux vença na difícil batalha de cativar os utilizadores de Magalhães.

  6. Comunidade: hoje de manhã recebi 3 chamadas e 2 emails de pessoas externas à Caixa Mágica a oferecer ajuda para  o problema.
    O caso do Gcompris no Magalhães não contraria a minha crença que o modelo de Software Livre / Aberto é o melhor para o desenvolvimento de sistemas operativos e aplicações.
    O caso do Gcompris, comprova-o.
    O facto de já antes da noticia ter saído, estarem disponíveis actualizações, comprova-o.
    O facto dos problemas não serem funcionais, de segurança ou de estabilidade, comprova-o.
    O facto de apenas um único software ter sido apontado, comprova-o.
    A nossa comunidade tem os melhores developers, os melhores tradutores e o melhor suporte.
    As polémicas que não nos derrubam, tornam-nos mais fortes.
publicado por Tintim às 17:39editado por Fábio Teixeira em 12/10/2010 às 11:04