Governo de A a Z, de 0 a 20. Uma perspectiva Livre e Aberta.

07.09.09

 

Twittâmbulo (para quem já só consegue ler 140 caracteres): este artigo faz uma avaliação dos últimos 4 anos de governo em termos de TIC, numa perspectiva sectorial Open Source.

Disclaimer:

  1. Independência: ninguém é verdadeiramente independente. Escrevo este artigo após já ter criticado forte o PS (1,2) e ter elogiado o anterior governo PSD (3) nas crónicas do JN / 24 horas.
  2. Subjectividade: este texto é subjectivo. Não sou jornalista e escrevo com toda a carga subjectiva do que sou e do que faço. A melhor manifestação de interesses que posso fazer é sugerir a leitura de outros posts meus neste blog.
  3. Objectivo. A liberdade de expressão não só é um direito como, em certas ocasiões, é um dever. Esta é a minha opinião sobre uma área que conheço e que me sinto confortável para avaliar. Penso que seria sinal de maturidade ler de protagonistas de outros sectores (saúde, justiça, seg. social,...) opiniões sobre o melhor e pior destes 4 anos.
  4. Autoria. Este artigo representa a minha opinião e não vincula, como é óbvio, outros autores deste blog ou a comunidade de Software Livre / Aberto.

 

A
de Assembleia da República

5Uma importante iniciativa, "Software Livre no Parlamento", defendida pelo deputado Bruno Dias (PCP), foi aprovada com os votos de todos os partidos políticos. Em 2007. Passados dois anos, o site continua sem formatos abertos, a AR com Software Livre de forma residual,... Se nem a AR respeita o que os deputados decidem, espera-se que o resto do país o faça?

 

 

 

 

 

A
de ANCP

13A Central de Compras do Estado há anos que era fonte de abusos e ineficácias. A Agência Nacional de Compras Públicas, entre outros, lançou e concluiu o Acordo Quadro de Licenciamento de Software. Paradoxo, o Software Livre não se licencia, mas houve um cuidado desde o primeiro momento em contemplar a oferta de SL/A. Não é claro se conduzirá ou não a uma maior adopção por parte da AP mas os próximos tempos o dirão.

 

B
de Blogs

15

Como aqui se referiu, a BlogConf juntou José  Sócrates e bloguers com diferentes interesses.

Falou-se de Software Livre, do potencial, na sua inclusão no Magalhães e dos protocolos assinados por 7 ministros.

No final, e depois de 3 1/2 horas, o PM estava mais fresco que os bloguers. Não fosse o fait-divers da transmissão, a nota era mais alta.

 

 

C
de Ciência

14

O Ministério da Ciência foi o ministério que teve menos cortes orçamentais. Contudo, mais dinheiro nem sempre é mais realização.

Mariano Gago, apesar dos handicaps reconhecidos, conseguiu levar para a frente iniciativas que foram francamente positivas. Destaco duas: programa dos 1.000 doutorados e a transformação das universidades em fundações. Menos consensual o programa MIT / CMU / ... com as posições dividas.

Não fosse a crise com os professores do Politécnico, injustamente tratados, e a nota era outra.

 

E
de Educação

16

O Ministério da Educação teve um erro de "casting" com o CRIE e isso custou a disciplina de TIC no 10º ano (com os secretários de estado divididos sobre esta má decisão).

Após o CRIE perder a autonomia, e mudarem-se cabeças, as coisas melhoraram francamente e  foi um importante e eficaz motor da disseminação do Software Livre na educação. Por outro lado, na infra-estruturas das escolas foi contemplado sempre Software Livre  nos programas estruturantes como o Kit Tecnologico da Educação, Redes (EdgeBox) e e-escolas / e-escolinhas. Foram decisões nem sempre fáceis, imagino, mas sempre assumidas. Tive oportunidade de testemunhar que este reconhecimento do Software Livre foi desde o início também assumido pela própria ministra.

 

 

E
de E-escolas

18

"Porquê apenas se vendem portáteis com Windows?" Porque não há alternativa nas lojas.

O programa e-escolas veio demonstrá-lo. Uma alternativa Linux bem pensada foi escolhida por 50.000 alunos.

No global, este programa massificou o acesso de alunos e professores a PCs e Internet modificando a forma como os nossos jovens encaram o futuro. Em conjunto com o Magalhães, é inevitável que estão melhor preparados e com outras ambições.

 

 

 

G
de GCompris

8

A polémica com os erros do GCompris, levantada pelo semanário Expresso foi resultado de um conjunto de erros sucessivos.

Antes de mais, nosso, da Caixa Mágica, por no dado curto espaço de tempo que tínhamos para preparar o Magalhães, não termos feito um eficaz controle de qualidade. Do próprio projecto que à data não tinha melhores traduções. E dos jornalistas, que sempre elogiando a Wikipedia, não perceberam que também o software tem de ser gradualmente melhorado e que a Internet também existe para updates.

 

 

 

I
de
Interopera-
bilidade

6

Esta foi porventura a área onde se fez menos nesta legislatura. A interoperabilidade entre serviços é essencial bem como o acesso dos cidadãos aos dados.

Muitas vezes, a solução da interoperabilidade é manter as coisas simples. Usar Standards.

Grandes frameworks de interoperabilidade acabam por consumir muitos recursos e ter resultados limitados. Melhorar a interoperabilidade é garantir que a troca de dados entre serviços da AP funciona bem (expôr APIs é capaz de ajudar) e que de fora são visiveis os dados e estatísticas.

 

I
de Inglês

15

Já repararam que não existe país da Europa, com a excepção dos Ingleses e Irlandeses, que fale tão bem inglês como os holandeses? Vantagem competitiva neste mundo em que o Inglês é lingua franca.

O Inglês para crianças do 1º ciclo básico é uma ferramenta importante. Mesmo com problemas de operacionalização, foi uma batalha ganha.

 

 

L
de conteúdo Livre

16

Os conteúdos abertos beneficiaram de intervenção governamental na tradução apoiada pela UMIC, com uma dedicação especial de Pedro Ferreira, da licença Creative Commons para português.

Já aprovada, a tradução confere a hipótese de escolhermos como queremos partilhar o material que produzimos. Mais Crowdsourcing. Mais Remix.

 

 

 

 

M
de Magalhães

18

O que nos distingue como país? Custa-me a ouvir "sol",  "praias" e "golf" como resposta.

Gosto de acreditar que nos conseguímos unir e apostar na Geração Magalhães, não diferenciando pobres e ricos, interior e litoral.

Certamente que muito há a fazer. Mas este é um grande projecto que deve ir para além do hardware, que deve ir para além de um governo.

 

 

 

 

O
de
OOXML

4O OOXML é o formato da Microsoft para guardar documentos no Office2007, tendo sido proposto a Standard tal como já tinha sido feito e aceite pelo formato ODF (OpenOffice). Há 2 formas de especificar um standard: para que outros o possam usar ou para dificultar que outros o utilizem. A Microsoft escolheu a última com o objectivo de manter o seu monopólio nos desktops com Windows + Office. Por todo o mundo comités reuniram-se para o votarem. Em muitos sitios foram chumbados. Em Portugal por 13-7 foi favorável à Microsoft reflectindo  porque a Microsoft Portugal continuar a ganhar prémios de melhor subsidiária.

 

 

 

 

P
de Protago-
nistas

17

Uma legislatura é feita de pessoas. Os protagonistas são a parte visível de equipas. Umas atingem os objectivos, outras não. Para quem não conhece, aqui fica algumas das pessoas que nos bastidores ou no palco fizeram a diferença pela positiva.

Mário Franco foi o principal responsável do programa e-escolas e e-escolinhas através da FSI / MOPTH. Nas areias movediças de programas tão mediáticos, existiram pontos bons e maus.

Mas dificilmente deixa alguém indiferente. Bem gerido operacionalmente, transmitiu a visão "acima" e soube aliar-se à indústria para o concretizar. Parece fácil depois de feito...


João Tiago Silveira, SEJ, fez a diferença em muitas áreas e nas TIC foi uma delas. Programas de sucesso do governo como Empresa na hora, modernização dos tribunais, etc...  arrancaram do seu gabinete, mexendo máquinas pesadissimas que só no MJ se encontram. Pedradas no charco que com mais distância o deixarão bem na fotografia.

João Trocada Mata, director do GEPE, com o apoio de João Pedro Ruivo,  foi o responsável do Min. Educação pela operacionalização dos projectos do Plano Tecnológico da Educação.

Tanto pela dimensão dos projectos, como pelo ministério em que se encontra, não é tarefa fácil. Penso que geriu bem um equilibrio dificil entre interesses existentes e o interesse público.

Carlos Zorrinho não foi o primeiro responsável do Plano Tecnológico mas é o que ficará para a história. Batendo certamente o recorde de presenças em eventos, foi a "cola" necessária que garantiu que iniciativas aparentemente díspares tivessem o mesmo "selo" Plano Tecnológico.

Politico. Professor. Alentejano. Sportinguista. Não necessariamente por esta ordem.

 

 

 

 

S
de Sócrates

14

De José Sócrates, como pessoa, duas suspeições o ensombram. A honestidade (por via do caso Independente e Freeport) e o feitio arrogante.

Na BlogConf tive oportunidade de trocar algumas impressões directamente e fiquei com uma opinião positiva. São meros minutos mas que chegam para acreditar que determinação e arrogância são facilmente confundidos.

 

 

 

 

T
de Super Tux

18

A "killer application" do Magalhães é o SuperTux, jogo de plataformas Open Source.

As crianças arrancam em Linux Caixa Mágica muitas vezes para o jogar. Se o modelo SL/A por vezes nos falha (ver GCompris), noutros nos surpreende. É certamente o pior de todos os modelos de desenvolvimento de software, excepto todos os outros.

 

 

 

 

 

 

publicado por Tintim às 03:52editado por Fábio Teixeira em 12/10/2010 às 10:51

Instalação offline de software na Caixa Mágica no Magalhães

17.07.09

A equipa da Caixa Mágica desenvolveu recentemente um mecanismo de instalação de software em PCs Magalhães que não tenham uma ligação à Internet configurada, aproveitando a aplicação que a Caixa Mágica já tem para instalação via site web.

 



Este mecanismo destina-se por agora à Caixa Mágica que se encontra instalada no Magalhães (a base é CM12), mas de futuro servirá para os restantes projectos.

O processo inicia com a criação de um aglomerado com o pacote principal e as suas dependências com extensão .bin ao qual demos o nome de bundle. Este bundle é gerado automaticamente por um script nos nossos servidores que:

- Verifica os pacotes existentes nos servidores FTP;
- Verifica as dependências de cada pacote, usando como base um sistema minimo pré-instalado;
- Junta o pacote e as suas dependências numa dir temporária;
- Cria um repositório local dentro da dir.

Com isto tudo é feito um bundle, ou seja, um ficheiro .bin com os pacotes e outros ficheiros necessários à instalação.

Com este processo foram criados cerca de 1200 bundles (11G) que podem pesquisar em:
http://ftp.magalhaes.caixamagica.pt/mag/oficial/bundles/

Depois é só pesquisar a aplicação que se pretende, descarregar o bundle para uma pen e instalar no Magalhães.

As instruções de como instalar os bundles estão em:
http://ftp.magalhaes.caixamagica.pt/mag/oficial/bundles/Como_Instalar.html

publicado por 7luas às 15:52editado por Fábio Teixeira em 12/10/2010 às 10:55

Nota ao Presidente Obama: quer endireitar as escolas? Olhe para Portugal... dentro de 12 meses.

26.06.09

 

 

Twittâmbulo:

Para quem já só consegue ler 140 caracteres: este artigo é sobre a importância dos próximos meses na consolidação da tecnologia nas escolas portuguesas e o papel que os diferentes modelos de software (software livre / aberto e fechado) podem ter nessa utilização.

 



 

 

Don Tapscott é alguém que reflecte sobre o mundo digital e, neste caso aqui, na sua aplicação à educação.

Em geral, concordo com o que Tapscott escreveu. Está em linha com a ideia de Geração Magalhães.

Mas existem duas fases diferentes: a fase da disseminação da tecnologia e a fase da disseminação das práticas.

A fase da disseminação da tecnologia foi ganha.

A parte crítica da disseminação das práticas ocorrerá nos próximos 12 meses. Também aí poderemos ter algo a mostrar ao presidente Obama.

Será a partir de Setembro de 2009 que o Magalhães começará, ou não, a ser realmente utilizado na sala de aula.


 

"Como será utilizado o Magalhães na sala de aula?

 

Obviamente, em rede e de forma colaborativa."

 


O enquadramento de partida

Os principais programas governamentais na área da tecnologia são o Kit Tecnológico da Educação (entre outros, 110.000 desktops nas escolas), Magalhães (400.000 Magalhães) e e-escolas (700.000 portáteis entregues). Ao criar estes programas, o governo compreendeu que concorrência leva à excelência e empenhou-se para que ambos os modelos de tecnologia estivessem presentes: o predominante - onde só dá Microsoft - e o emergente, o Linux e aplicações de Software Livre / Aberto (também conhecido por open source).

Até ao momento, e apesar das pressões e influências que sempre se movem, este equilíbrio tem sido mantido e com sucesso.

O Kit Tecnologico da Educação e o Magalhães têm dual boot (MS Windows e Linux Caixa Mágica) e o e-escolas, no operador TMN, pode ser adquirido com o Sistema Operativo à escolha.

Aqui, presidente Obama, um efeito curioso. Apesar das multinacionais americanas e japonesas não comercializarem portáteis sem sistema operativo Microsoft alegando que não existe procura, na oferta e-escolas a opção Linux tem 10% a 30% do mercado e apenas através de um operador e um único fornecedor de hardware.

Em resumo, a competição e concorrência têm feito com que ambos os modelos se esforcem para ter mais software, mais qualidade e melhor suporte. O governo, e em particular o Ministério das Obras Públicas e da Educação, têm tido um empenho genuíno e eficaz no incentivo a esta concorrência.

As diferenças

Cada modelo tem vantagens e desvantagens na área da educação para fazer vingar as suas soluções:

Modelo Open Source

Modelo Microsoft

Pros

-

modelo aberto alinhado com a lógica pedagógica de se poder ver “debaixo do capot”

- professores que compreendem a viabilidade do modelo, tornam-se evangelistas

- diversidade de aplicações vai mais de encontro ao “long tail” de utilizadores

- investimento aplicado nos fornecedores fica totalmente em Portugal e incorpora o PIB português

- bem implantado no terreno: professores e alunos no secundário conhecem-no. No 1º ciclo, não necessariamente.

- oferta por um único fornecedor das principais aplicações desde sistema operativo, suite de office a search / mail.

- máquina bem afinada de marketing e com influência política real

Contras

- filosofia release early / release often, crowd sourcing e wikinomics embate em convicções enraízadas

- qualidade das aplicações não é homogéneo

- custo de licenciamento. Numa área em que todo o investimento na formação dos professores é pouco, os 11 milhões de euros para licenciar 110.000 PCs do KTE é... __preencher de acordo com a sensibilidade__.

- a atitude “quero, posso e mando” da Microsoft gera anti-corpos a nível do middle-management da A.P.

 

Curiosamente, nem sempre a solução escolhida e imposta Top-Down é a que vinga. Um caso interessante é a instalação em 2003 de Microsoft Class Server em 1.100 salas com servidor mas que não vingou tendo sido preterido pelos professores em favor do Moodle.

A visão

 

"Dar-te a ti, dono do Magalhães, a ligação entre a ponta

dos teus dedos e a mais incrível experiência de aprendizagem.

Mesmo que essa experiencia ainda esteja por descobrir e que,

provavelmente, serás tu - e não nós - o seu descobridor."

 

 

Compreendo o que Dan Tapscott sentiu quando esteve numa sala onde os alunos têm Magalhães. A fotografia acima é de um dos pilotos que a Caixa Mágica desenvolveu em parceria com a Escola Superior de Educação. Neste caso, com o Sugar como ambiente colaborativo, cada criança com o seu Magalhães trabalhou com um colega na escrita de uma história. Sobre o mesmo documento. Se não está a perceber o que eu quero dizer com “sobre o mesmo documento” é porque, provalvelmente, não é da geração Magalhães.

A energia criativa libertada por estes 24 alunos guiados por uma professora empenhada é arrasadora. Ninguém fica indiferente.

Mas alguns problemas têm de ser vencidos na fase de disseminação das práticas.


Desafios

Existem alguns desafios por vencer:

  1. Ligação à Internet: tão depressa não teremos todas as salas de aula do 1º ciclo cobertas por Wifi e conectividade. Esse é um objectivo ambicioso mas tem de se preparar uma fase em que os alunos não terão acesso directo e onde, eventualmente, apenas o PC do professor terá acesso. Em Setembro, haverão novidades do lado do software mas para já duas dicas: wifi ad-hoc e mesh networking

  2. Formação de professores: ao contrário de Tapscott não me parece que esteja a haver formação abrangente a todos os professores. Mas também acho que não é esse o caminho. Os professores não são “ilhas”. Estão integrados numa escola, num agrupamento e estão (ou deveriam) ter acesso à Internet. É preciso que as redes / comunidades funcionem na disseminação das práticas.

  3. O Magalhães do professor: na fase da disseminação da tecnologia, apenas uma falha grave tenho a apontar. O não fornecimento de um Magalhães aos professores do 1º ciclo. Todos os professores do 1º ciclo necessitam ter um Magalhães seu mesmo que a um preço de 50 ou 100 euros. É essencial para eles ficarem imersos no ambiente dos alunos. Eventualmente, esta falha já está em vias de ser corrigida...


O “meu papel” nisto?

A fase da disseminação das práticas de utilização pode ser ganha ou perdida.

Quem utiliza Linux há alguns anos conhece a potencialidade que um sistema aberto e livre pode ter na educação desde que quebrado o efeito de rede que a presença do Windows em 95% dos desktops tem criado. Com engenho e empenho pode fazer-se história na quebra desse efeito de rede. Ou seja, na criação de um ecossistema nacional composto de uma indústria nacional forte e associativismo com impacto na sociedade.

A Caixa Mágica tem desafiado associações e hoje tem projectos com cinco diferentes entidades, cada uma trazendo valor ao projecto Magalhães. Em Setembro serão divulgados.

Mas há espaço, e necessidade, para que outras entidades participem fazendo bem aquilo que é a sua missão.

Cada um tem um papel:

  • Professores: não há como dizê-lo de outra forma. Para o bem e para o mal, serão eles que criarão as dinâmicas dentro da sala, que influenciarão o tipo de utilização em casa e são eles os principais actores dos próximos 12 meses. Podem se desculpar em falta de condições, de formação ou de motivação. Mas dificilmente terão outra oportunidade de ter tão grande impacto no que se propuseram fazer das suas vidas: ser o motor da sociedade através da educação dos que estão agora a começar o seu percurso.

  • Conteúdos, Internet, Internet e Internet: é tudo sobre a Internet. Depois de ligado à Internet, as crianças não utilizam mais as aplicações locais. Eles são jogos on-line, messenger e conteúdos. É preciso ser empreendedor e original, não repetindo receitas lá de fora mas serviços novos que vão de encontro ao que eles e pais e professores precisam. É preciso criar redes. Promotores da iniciativa, fornecedores de software (Caixa Mágica e Microsoft) e fornecedores de conteúdos precisam de se promover reciprocamente. Polinização cruzada.

  • Pais: alguns pais não têm comprado Magalhães para os filhos. Não por questões financeiras mas porque acham que o Magalhães é marketing governamental, porque lhes disseram que comprando o Magalhães não têm direito ao e-escolas ou porque “o irmão já tem”. Deixem-se disso. Assistam a uma conversa do vosso filho sem Magalhães com os colegas que têm e percebam o problema. Mesmo bem intencionados, “isto” é sobre eles e não sobre nós.
    Mais, no suporte ao Magalhães detectamos que o número de ligações à Internet é extraordinariamente baixa. Os pais não estão a ligar em casa os Magalhães aos acessos existentes por razões de segurança ou desconhecimento. É preciso, com acompanhamento eficaz, ir ligando-os à Internet e ajudá-los a perceber perigos e oportunidades.

  • Aos pais que já utilizam Linux: a melhor rede de suporte somos nós que vamos pô-los à escola, à natação e aos escuteiros e que somos bombardeados com dúvidas de informática. Desta vez, as questões não são como se tira o virús do Windows mas como se mete o SuperTux ou a rede em Linux. É a nossa vez.

Caro presidente Obama, daqui a 12 meses ainda pode estar melhor.

publicado por Tintim às 10:37editado por Fábio Teixeira em 12/10/2010 às 10:57

O Magalhães, os erros e a Caixa Mágica

07.03.09

 

(Actualização: o press-release oficial da CM está aqui.)

 

Em relação às notícias saídas no Expresso e SIC vai ser disponibilizado um press-release pela Caixa Mágica mas aqui fica um comentário pessoal e que não representa a Caixa Mágica Software.

Há imprecisões e omissões graves na notícia do Expresso. Alguns pontos importantes:

 

 

  1. Extensão dos erros: a notícia refere “80 erros clamorosos de ortografia, gramática e sintaxe nas instruções dos jogos incluídos no ambiente de trabalho Linux.”, contudo em toda a notícia apenas é referido o nome de um pacote de software, o GCompris, não havendo qualquer referência a outro software ou documentação. Sabendo que no ambiente de Linux Mag existem 1.236 pacotes de software diferentes e um manual de Caixa Mágica em português de 230 páginas, não houve um cabal esclarecimento do âmbito do problema referido.
  2. Actualizações: em relação ao pacote de software em questão, o Gcompris, foi transmitida à jornalista que contactou a Caixa Mágica, que já tinham sido efectuadas correcções ao mesmo software em 22-10-2008 e em 10-1-2009. Essas actualizações foram resultado do controlo de qualidade interno e a colaboração com professores e educadores. Os jornalistas poderiam ter realizado uma actualização através da Internet e verificado que os problemas estavam mitigados. Todos os portáteis ligados à Internet beneficiam automaticamente das actualizações sem necessidade de qualquer operação especial. Os portáteis Magalhães saídos de fábrica após a disponibilização das actualizações integram as actualizações feitas até à data.
  3. Tradutor com a 4ª classe: o artigo e reportagem da SIC refere o tradutor, José Jorge, como tendo a 4ª classe (“Tradutor tem a 4ª classe”). O tradutor, José Jorge, tem uma licenciatura em Filosofia e uma segunda licenciatura em Informática trabalhando há muitos anos nas Tecnologias de Informação. O Gcompris é uma excelente aplicação e o responsável pela tradução tem o mérito de ser o driver da tradução portuguesa.
  4. Modelo Software Livre / Aberto: no contacto que fizémos com a jornalista tentámos ser pacientes a explicar o modelo open source em que as aplicações: a) não têm um dono mas são desenvolvidas no âmbito de um projecto distribuído pelo globo b) são melhoradas continuamente com base no feedback dos utilizadores e da contribuição de developers espalhados por diferentes países. Neste modelo, existe uma melhoria contínua sendo natural que na imagem original do Magalhães pudessem ocorrer alguns problemas que entretanto foram sendo corrigidos, como o do Gcompris. Oportunidade: o Linux Caixa Mágica no Magalhães tem sido elogiado em blogs, twitter, etc em comparação com o outro sistema operativo presente... pela facilidade de utilização, segurança e diversidade de aplicações. Custa-me perceber como se faz uma notícia em torno de uma única aplicação com erros entretanto actualizados e não em torno do facto do Linux no Magalhães estar a ser preferido em muitas casas, usufruindo de um grande conjunto  de Software Livre / Aberto. Na verdade, parece-me que a culpa não é dos jornalistas que apenas escrevem o que vende jornais: casos muitas vezes sem substância. Sabemos por experiência própria (por exemplo, pelo caso do Ministério da Justiça / Linius exactamente com os mesmos contornos: deputado esbraceja, Expresso publica, polémica acontece) que sempre que um projecto Software Livre / Aberto começa com impacto, surge uma polémica. Parece-me ingénuo achar que não existe casualidade entre estas polémicas e os interesses envolvidos.
  5. Equipa: cerca de 10 pessoas, da Caixa Mágica e de parceiros, têm estado envolvidas desde Setembro no core da preparação do Magalhães em Linux. Essa equipa está a concretizar a visão que o Linux no Magalhães deve ser um sistema em permanente evolução. Evolução que consiste numa dinâmica de facilitar as contribuições (software, documentação e foruns) e facilitar a utilização / instalação dessas contribuições. É essa dinâmica que nos diferencia. Esta equipa tem feito um excelente trabalho e orgulho-me do que eles conseguiram. Eles têm a minha total confiança e sei que conseguirão que o Linux vença na difícil batalha de cativar os utilizadores de Magalhães.

  6. Comunidade: hoje de manhã recebi 3 chamadas e 2 emails de pessoas externas à Caixa Mágica a oferecer ajuda para  o problema.
    O caso do Gcompris no Magalhães não contraria a minha crença que o modelo de Software Livre / Aberto é o melhor para o desenvolvimento de sistemas operativos e aplicações.
    O caso do Gcompris, comprova-o.
    O facto de já antes da noticia ter saído, estarem disponíveis actualizações, comprova-o.
    O facto dos problemas não serem funcionais, de segurança ou de estabilidade, comprova-o.
    O facto de apenas um único software ter sido apontado, comprova-o.
    A nossa comunidade tem os melhores developers, os melhores tradutores e o melhor suporte.
    As polémicas que não nos derrubam, tornam-nos mais fortes.
publicado por Tintim às 17:39editado por Fábio Teixeira em 12/10/2010 às 11:04

Codebits 2008

17.11.08

E acabou mais um Codebits... já vamos na 2ª edição, e apesar de achar que o espaço do ano passado era bastante melhor (mais arejado, melhores casas de banho, melhor localização, etc) devo dar os meus parabéns à organização que mais uma vez mostrou que consegue juntar a maior e melhor comunidade de geeks portugueses à volta deste evento.

 

A Caixa Mágica esteve lá este ano com uma pequena banca a mostrar, como não devia deixar de ser, o Magalhães. Pensámos em fazer uma pequena brincadeira e resolvemos montar um cluster de 29 Magalhães (eram 30 mas um resolveu deixar de colaborar o malandro...) em competição directa com dois servidores, cada um com dois processadores quadcore xeon a 2ghz com 8Gb de Ram cada. Portanto a competição era:

 

Concorrente Nº 1:

29 Magalhães - 29 Intel Atom e 29 Gb de Ram

 

 

 

Concorrente Nº2:

2 servidores (são dois servidores independentes naquele rack) - 16 core's xeon 2Ghz e 16Gb de Ram

 

 

Para o teste fizemos algo muito simples e visualmente interessante, que foi usar o Pov-Ray 'patchado' com PVM para fazer rendererização de imagens distribuída, o que funcionou muito bem (parabéns ao André Guerreiro).

 

Aqui vai uma imagem global da coisa:

 

E os magalhães em destaque:

 

Para tornar a coisa mais engraçada fizemos um concurso para apostarem em quem ganharia (e para tornar a coisa interessante oferecemos um bloco da Caixa Mágica aos vencedores).

 

Algumas imagens dos nomes....

 

 

E o vencedor foi:

O concorrente Nº2.... os servidores Xeon com 28 Seg

Os Magalhães ficaram-se pelo 1,12 minutos...

 

A mim parece-me que a latência da rede (rede 10/100) e a diferença entre atom's e xeon's fez bastante diferença...

 

O placard final:

 

Agradecimentos à J.P. Sá Couto que nos emprestou os Magalhães e os servidores.

 

Pessoalmente ainda passei um bom bocado com um dos criadores do Chumby, o Andrew "bunnie" Huang (sim o mesmo que foi o primeiro a hackar a xbox original e que escreveu um livro sobre isso) que fez uma apresentação, e conseguimos hacká-lo para suportar uma placa 3G... pena foi que compilar o pppd para o ARM já era mais complicado e já não deu.... mas conseguimos adicionar o suporte à placa 3G ao kernel, instalar o gcom e conseguimos entrar com o PIN do cartão SIM e ligar à rede da TMN.... o mais dificil ficou feito... o que foi excelente... agora so falta arranjar um chumby para mim ;-)

 

Chumby

 

Também vi como anda o desenvolvimento do SapoKids com o Tiago Costa do Sapo.... está a ser desenvolvido em Adobe Air e parece-me um projecto muito bom e com um grande potencial de crescimento. O interface actual já tem o minimo de funcionalidades para ser utilizado e está muito engraçado.

 

Muitos parabéns a toda a equipa do Sapo pela excelente organização.

 

Até para o ano.

publicado por DarkLord às 11:02editado por Fábio Teixeira em 12/10/2010 às 11:07

Geração Magalhães: como começou...

25.10.08

[Foto: www.ticnet.mais]

 

É interessante ver a utilização do termo Geração Magalhães.

Na formação dos coordenadores TIC lançámos o termo "Geração Magalhães" como elemento central de uma ideia: a diferença deste projecto em relação a outros é o impacto que tem sobre toda uma geração e forma como esse impacto pode ser medido.

Temos em Portugal a geração pós-25 de Abril (hoje com 40/45 anos), a geração Rasca (termo cunhado por Vincente Jorge Silva e abrangendo a geração anti-PGA, hoje com 35)  e a geração Spectrum (hoje com 25/30 anos). Cada uma delas teve um contexto específico que acabou por as moldar.

Das acima, a geração Spectrum não é bem uma geração mas um grupo dentro de uma geração. Talvez apenas 5% dessa geração teve acesso a Spectruns, Timex 2048, PC1 da Olivetti ou EuroPC da Scheneider.

Ao abranger toda uma camada etária, o Magalhães vai ter um impacto diferente.

E o impacto deve ser medido no sucesso daqui a 20 anos das crianças de hoje com 6 a 9 anos.

Acredito que esta geração Magalhães vai atingir grandes feitos: bons cientistas, grandes empreendedores com empresas tecnológicas e nível mundial, políticos carismáticos e artistas criativos. É certo que é essencial professores com formação, pais que acompanhem e conteúdos disponíveis mas não substimemos o poder de descoberta de crianças. Elas são curiosas, ágeis e inconformadas.

 

 

publicado por Tintim às 09:33editado por Fábio Teixeira em 12/10/2010 às 11:07

Onde estão os Magalhães?

29.09.08

A viatura oficial de uma das equipas que fez 2.300 kms a dar formação aos coordenadores TIC.

 

[Foto: cortesia 7luas]

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