Com o mercado servidor estabilizado em termos de penetração Linux / Windows / outros, o mercado desktop de sistemas operativos pode começar a aquecer. Mas não por onde se pensa...

Aliás, quem em 2000 previu que o Linux
ia tomar de assalto os desktops domésticos, enganou-se redondamente.

Este é um mercado que a Microsoft blindou à custa da permissão de utilização ilegal, bloqueio à oferta de soluções de hardware com Linux OEM e a falta de suporte do mesmo a placas, modems e impressoras conseguido através de alguma pressão nos fabricantes.

Mesmo no high end de estações de trabalho para developers / IT staff, o MacOS X tem ganho popularidade e sido a escolha de quem gosta de um sistema UNIX mas não está para perder muito tempo a configurar periféricos, ligações WiFi, etc...

Em resumo, o problema é não haver drivers para alguns dispositivos e algumas aplicações não poderem ser executadas em Linux.

Se analisarmos os dois problemas vemos que são
problemas do Linux mas externos ao Linux.

No primeiro caso, a dependência é dos hardware vendors e, no caso das aplicações, depende-se dos ISVs e grandes software houses.

Mas quem preveja que o Linux possa conquistar parte do desktop corporativo até 2010 talvez não esteja tão enganado.
Um survey da Linux Foundation apresenta as preferências e problemas dos utilizadores actuais do Desktop Linux. Apesar da grande maioria dos utilizadores reportar utilizações SOHO ou SME, existem 9.7% em organizações de 101 a 500 desktops e 6.2% em organizações de 1001 a 5000 desktops.
Este é um mercado de elevado potencial a curto prazo porque as economias em licenciamento podem ser investidas no suporte a periféricos e Webização das aplicações. Já agora falamos de 200 a 230 euros / ano por desktop de licenciamento Microsoft em organizações com Enterprise / Select em classe B, C ou D (grandes empresas, multinacionais,...).
Esta mudança tem um contexto óptimo para ocorrer:
  • Migração apenas parcial de 20% a 60% do parque de desktops. Os desktops que custam (AutoCad, Excel para financeiros,...) deixar para a Microsoft mas aí sem acordo select e com aquisição OEM de licenças. Migrar apenas os computadores de quem utiliza Mail, Office e/ou aplicações internas. Numa parte desses, eventualmente deixar o Windows mas migrar a produtividade (OpenOffice e Internet).
  • Ter 1 a 2 anos para iniciar a migração antes da renovação do contrato com a Microsoft.
  • Ter as contas feitas à mudança para o Vista. Quanto custará em hardware e tempo de suporte? Os apenas 2% de penetração actual do Vista são reveladores....
E tem algumas características-chave:
  • Haver um sponsor interno com visão para detectar a poupança e capacidade de mobilização dos decisores.
  • Gestão cuidadosa da comunicação. Não comunicar para o exterior a mudança para evitar os fait-divers e pressões em que Microsoft é tão pródiga. Ter uma excelente comunicação interna com os utilizadores. Mobilizá-los.
  • Equipa  de IT do lado da mudança e, de preferência, com competências em Unix / Linux.
  • Apoio externo ao processo. (Sim, isto é uma oportunidade de negócio.)
A coisa é especialmente facilitada se:
  • Não estiver a ser utilizada em larga escala Exchange com agendas / calendários partilhados.
  • Se para todas as aplicações adquiridas / desenvolvidas internamente se verificar que são multi-plataforma e correm tanto em IE como em Firefox. O custo no desenvolvimento é de 1% a 5%. O custo de migração posterior pode ser de 50% a 70%.
Se o Linux conquistar uma parte do mercado desktop corporativo, isto terá a consequência colateral de melhorar o suporte de hardware e software por pressão dos clientes e, numa segunda fase, um impacto positivo no mercado doméstico. Mas isso já na próxima década...